sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Lançamento do livro "Um Amor em Tempos de Guerra" no Porto!

Lançamento do livro de Júlio Magalhães "Um Amor em Tempos de Guerra" no Porto, no dia 22 de Outubro, na Pousada do Porto-Freixo Palace Hotel, na sala do Douro, pelas 18.30h! Não perca!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Lançamento do Livro de Júlio Magalhães

Dia 12 de Outubro,

Às 18.30h,

Na Sociedade Geografia de Lisboa,

Apresentação por Ana Sofia Vinhas e Vitor Serpa,

Não perca!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

2º Capítulo de "Um Amor em Tempos de Guerra" Leia Aqui em exclusivo!

"A casa de António ficava na rua que ia dar às traseiras da mais conhecida habitação do país. No Vimieiro, em Santa Comba Dão, todos apontavam, com o devido respeito, para o local onde António de Oliveira Salazar, actual presidente do Conselho, havia crescido com as suas irmãs e onde voltava de tempos a tempos. Aos olhos de António, aquela casa era enorme e muito diferente da sua, mais pequena e bem mais modesta. Era formada por três edifícios pequenos que se ligavam entre si e rodeada por uma bela quinta. Uma coisa a casa de Salazar e a sua tinham em comum, vasos com bonitas sardinheiras que a mãe Maria das Dores fazia questão de colocar na fachada para embelezar a pobreza da habitação. Não passava um mês de Setembro sem que Oliveira Salazar não visitasse a sua terra natal. Era época das vindimas e ele apreciava a festa da colheita da uva. Tinha até uma quinta, a Quinta das Ladeiras, com uma pequena produção vinícola. O pequeno António sabia que o Senhor Doutor, como ouvia as gentes da terra tratarem-no, estava na aldeia quando pela estreita rua deambulavam homens de fato preto e chapéu, vigilantese atentos a todos os pormenores. Autênticos polícias que António, do alto da sua infância, desconhecia serem elementos da PIDE. Nessas alturas, António já não podia subir ao banco de pedra, dobrar-se acrobaticamente sobre o muro e alcançar, a custo, a grande figueira, que estava junto à magnólia, que dava para arua, cujos figos maduros, grandes e saborosos eram uma verdadeira tentação. Os olhares dos tais homens de fato preto desaconselhavam tal acção. «Está cá o Senhor Doutor António de Oliveira Salazar, filho. Muito respeito se passares por ele», ouviu ao longo dos anos a mãe, Maria das Dores, dizer-lhe. Por essa altura, ela voltavaa lembrar-lhe de que ele se chamava António em honra daquele senhor que nasceu pobre como eles, mas que estudou e se fez grande e que agora tanto fazia por Portugal. Um discurso que já sabia de cor e salteado, melhor até que a tabuada dos dois. Na verdade, António passou algumas vezes por aquele senhor de cabelo branco e ar sério. Encontrava-o na rua quando ele passeava pela aldeia, apoiado por uma espécie de cana que lhe facilitava a caminhada quando se metia campo a dentro para vistoriar as vinhas ou o trabalho agrícola na courela da família. Via-o à distância na missa de domingo na Igreja de Santa Comba Dão, sempre de fato completo e sobretudo preto aos ombros, e recordava-se do dia em que ele fez uma visita à escola primária onde António estudava e as suas irmãs leccionavam. Foi um dia agitado entre as crianças. Banho tomado, sala de aula limpa com rigor, farpela aprumada e postura direita na cadeira. As crianças, sem saber bem porquê, sentiam orgulho naquela visita e mostravam todo o seu fervor nacionalista. De pé ao primeiro vislumbredo governante, o mesmo que os vigiava através do retrato emolduradoda parede, lançaram um «bom dia» em uníssono e, no final, todos cantaram o hino nacional, no tom e com sentimento. Foi breve a visita, mas ficou marcada na memória de António como um dia diferente de todos os outros. Recordações de tempos idos não muito distantes de uma meninice pobre, mas aprumada, que se estendia pela adolescência. António tinha agora 13 anos. O Senhor Doutor continuava a mandar no país e a ir à terra de tempos a tempos. A aldeia pouco ou nada tinha mudado. Poucas casas, a maioria simples, de gente pobre dedicada à terra, um largo, a igreja e a taberna do Manel, um dos poucos pontos de encontro e convívio da população que se dedicava à terra ou ao trabalho nas fábricas da região. Tinha ainda um cemitério e a estação de comboio, a poucos metros da sua casa, que António tanto apreciava. Nunca tinha saído da aldeia, nem sequer para ir a Viseu ou a Coimbra, que todos diziam ser ali perto. Mas cada vez que via entrar ou sair um comboio da estação, o seu coração dava um pulo de excitação. Será que algum dia iria andar naquela máquina a vapor? Poderia viajar à janela e ver o mar? Conhecer outras terras? Sonhos de uma vida melhor, fora dali, que também a sua mãe alimentava para o filho. Mas, na realidade, António não era grande espingarda na tabuada e as letras, por mais que se esforçasse, saíam-lhe tortas. Estava no último ano da Escola Primária e, a bem da verdade, dela já devia ter saído há tempos, não tivesse ficado retido pela professora austera e exigente que chamou os pais, que nem à escola tinham ido, para lhes dizer que o filho tinha de ser mais atento. Orelhas puxadas, António aprendeu a lição e esforçou-se. O exame da quarta classe aproximava-se e não podia deixar ficar mal a sua mãe. Mas o seu destino estava marcado. À semelhança dos seus amigos, a única saída era o campo, o trabalho na fábrica de rações ou o trabalho com o pai. José, ferreiro de profissão, começava a trabalhar ainda o Sol nãotinha nascido e só parava depois de o Sol se pôr. Ferrava animais, dura tarefa naqueles tempos. Era o mais exímio ferrador da região,onde pontificavam famílias burguesas que faziam dos carros puxados a animais o principal meio de transporte. Não havia pois família abastada que não recorresse ao seu serviço. Tinha umas mãos de aço, enormes, que António conhecia melhor por lhe assentarem no rabo, depois de alguma tropelia das boas, do que por lhe darem um carinho na face. O corpo era robusto, todo ele força e brutalidade formatado numa vida dura e cinzenta, sem estudos, mas com muita escola de vida. A dureza imposta pelo sacrifício da profissão tornara-o um homem pouco falador. Por isso, quando o vizinho António passava por ali, ainda que fosse o chefe do Governo, ele baixava a cabeça e, quase silenciosamente, dizia-lhe «bom dia» ou «boa tarde» e nada mais. Não queria saber da política para nada. Só se importava com os animais e os seus ferros. A política não punha o comer na mesa, já o seu suor e o seu trabalho garantiam que António pudesse estudar e de estômago cheio. De resto, às vezes José até se mostrava um pouco arrependido por ter posto o nome de António ao filho. Tinha permitido porquea mulher Maria das Dores assim o quisera, como sinal de respeito e admiração por um homem da terra que tinha conseguido vingar na vida. Professor de Direito lá em Coimbra e agora chefe do Governo lá de Lisboa. Podia ser que com o mesmo nome o filho tivesse a mesma sorte. Maria das Dores sonhava e pedia em oração à sua Nossa Senhora de Fátima, de quem era devota fervorosa, que o seu António fosse um grande homem como aquele seu vizinho. José, na altura, não se importou e anuiu, com algum orgulho, em dar ao seu primeiro e único filho o mesmo nome do homem mais importante do país e que era dali da terra e até da sua rua, ainda que fosse da rua das traseiras."

sábado, 26 de setembro de 2009

Os Retornados Um Amor Nunca se Esquece

Outubro, 1975. Quando o avião levantou voo deixando para trás a baía de Luanda, Carlos Jorge tentou a todo o custo controlar a emoção. Em Angola deixava um pedaço de terra e de vida. Acompanhado pela mulher e filhos, partia rumo ao desconhecido. A uma pátria que não era a sua. Joana não ficou indiferente ao drama dos passageiros que sobrelotavam o voo 233. O mais difícil da sua carreira como hospedeira. No meio de tanta tristeza, Joana não conseguia esquecer o olhar firme e decidido de Carlos Jorge. Não percebia porquê, mas aquele homem perturbava-a profundamente. Despertava-a para a dura realidade da descolonização portuguesa e para um novo sentimento que só viria a ser desvendado vinte anos mais tarde. Foram milhares os portugueses que entre 1974 e 1975 fizeram a maior ponte área de que há memória em Portugal. Em Angola, a luta pelo poder dos movimentos independentistas espalhou o terror e a morte por um país outrora considerado a jóia do império português. Naquela espiral de violência, não havia outra solução senão abandonar tudo: emprego, casa, terras, fábricas e amigos de uma vida.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Biografia de Julio Magalhães


Júlio Magalhães é um dos rostos mais conhecidos do jornalismo português é director de informação da TVI. Nascido no Porto a 7 de Fevereiro de 1963, foi para Angola com sete meses, tendo vivido um ano em Luanda e doze em Sá da Bandeira (Lubango). Em 1975 regressou para Portugal, mais precisamente, para a cidade do Porto. Aos dezasseis anos, iniciou a sua carreira como colaborador de O Comércio do Porto na área do desporto. Dois anos mais tarde integrava os quadros do mesmo jornal. Trabalhou ainda no jornal Europeu, no semanário O Liberal, na Rádio Nova e, em 1990, estreou-se na RTP onde, para além de jornalista e repórter, apresentou o programa da manhã e o Jornal da Tarde.

Um Amor em Tempos de Guerra





Depois do sucesso de "Os Retornados- Um amor nunca se esquece" que vendeu de mais 50.000 exemplares, Júlio Magalhães regressa à escrita com "Um Amor em Tempos de Guerra".


Este livro leva-nos a um dos episódios mais marcantes e controversos da História contemporânea portuguesa: a guerra do ultramar.


Mais uma vez Júlio surpreende-nos com uma história empolgante onde o amor assume o papel principal. Porque mesmo em tempos de guerra e sofrimento há amores que resistem a tudo...


BOOKTRAILER: http://esferadoslivros.pt/booktrailers/um_amor_em_tempos_de_guerra/